Além do Hype: o que o Money 20/20 revelou sobre IA, confiança e o futuro da tecnologia financeira
Eventos como o Money 20/20 sempre trazem ideias ousadas, tecnologias disruptivas e previsões sobre o que pode mudar o mercado financeiro.
Mas, neste ano, um tópico ultrapassou todos os outros em relevância: a inteligência artificial não foi apenas um tema, foi o centro de todas as discussões.
Esse assunto apareceu em todos os painéis, demonstrações e conversas informais entre executivos. A IA deixou de ser um conceito abstrato para se tornar uma questão estratégica, que envolve decisões sobre uso responsável, governança e escalabilidade.
Depois de anos conversando com executivos de tecnologia e inovação, eu nunca vi o tema ser discutido com tanta precisão e realismo. A IA deixou de ser uma promessa distante e passou a ocupar espaço central nas decisões de negócio, moldando estratégias de risco, compliance e crescimento.
Aqui estão alguns dos principais insights que definiram o evento e o que eles podem significar para o futuro da tecnologia inteligente e confiável.
IA em toda parte, em tudo
A inteligência artificial não é mais uma novidade.
Ela chegou para ficar. E está em todos os lugares.
O que antes era uma aplicação experimental passou a ser parte estrutural das operações e da estratégia das empresas. Da detecção de fraudes à personalização da experiência de clientes e da análise preditiva à eficiência operacional, a IA se tornou a infraestrutura invisível que sustenta quase todas as interações digitais.
Segundo estimativas da McKinsey, a IA pode gerar até US$ 1 trilhão em valor adicional por ano para o setor bancário global, por meio de modelos de risco mais precisos, processos automatizados e experiências de cliente mais inteligentes. O potencial é imenso, mas também é crescente a complexidade de gerenciá-lo.
Os modelos estão aprendendo mais rápido, tomando decisões com autonomia e mudando a forma como as empresas exercem controle sobre seus próprios sistemas. Isso exige um novo tipo de responsabilidade: um olhar que não busca apenas o desempenho do algoritmo, mas a confiabilidade de suas decisões.
Os reguladores também avançam nessa direção. O AI Act da União Europeia, a Ordem Executiva dos Estados Unidos sobre IA e o PL 2338 no Brasil são apenas alguns exemplos de como diferentes países estão buscando o mesmo princípio: governança não se “improvisa”, ela precisa nascer junto com a inovação.
Na prática, isso significa desenvolver sistemas de IA com guardrails bem definidos, que sustentem a confiança e o controle em cada etapa.
Entre eles:
- Rastreabilidade de dados: saber exatamente de onde as informações vêm e como são transformadas ao longo do processo.
- Ambientes de validação de modelos: testar e desafiar algoritmos antes de sua aplicação real.
- Monitoramento de vieses e deriva: identificar desvios de comportamento e garantir consistência nos resultados.
- Camadas de explicabilidade: oferecer clareza sobre como cada decisão é tomada.
O valor da governança não está em conter a inovação, está em dar a ela direção.
Não é sobre frear o avanço, é sobre garantir que cada passo seja seguro, sustentável e relevante.
E, à medida que a IA se torna mais complexa, uma coisa fica evidente: falar de governança é falar de segurança.
Segurança na Era Inteligente
A IA está mudando a forma como as empresas se defendem e a forma como são atacadas.
Fraudes sintéticas, deepfakes e manipulações de dados estão se tornando mais sofisticadas e desafiando modelos tradicionais de cibersegurança.
Nos painéis do Money 20/20, o consenso foi claro: defesas estáticas já não são suficientes.
O futuro da segurança é adaptativo e feito de sistemas capazes de aprender, prever e responder na mesma velocidade das ameaças.
Segundo a Gartner, até 2027, mais de 60% das instituições financeiras devem adotar soluções autônomas de segurança, preparadas para detectar e neutralizar riscos em tempo real.
Mas tecnologia, apenas, não é garantia de proteção. Segurança começa antes, com governança.
Proteger um sistema é entender seus dados: de onde vêm, como são usados e quem tem acesso a eles.
Sem esse controle, qualquer modelo, por mais avançado que seja, se torna vulnerável.
No fim, tudo se conecta.
A confiança é o elo entre inovação e proteção, e é nesse ponto que a governança de IA mostra seu verdadeiro papel: não como barreira, mas como o alicerce da integridade digital.
Depois do evento: para onde vamos agora
O Money 20/20 deste ano não apresentou novas buzzwords, ele nos mostrou uma mudança de mentalidade.
A inteligência artificial já está alcançando a maturidade. A era da curiosidade acabou. O que começa agora é a era da execução.
As empresas que se manterão à frente são aquelas que conseguirem transformar ambição em arquitetura, propósito em processo e tecnologia em confiança.
Na Premiersoft, esse é o tipo de equilíbrio que buscamos todos os dias.
O nosso AI Lab nasceu justamente para isso: para explorar até onde a tecnologia pode ir sem perder o controle, e como estrutura e criatividade podem coexistir sem se anular.
Nosso AI Lab não é uma vitrine. É um espaço vivo de experimentação, onde testamos, validamos e desafiamos sistemas de IA antes que cheguem ao mundo real.
É ali que exploramos não apenas o que a tecnologia pode fazer, mas o que ela deve fazer.
Depois de tudo que vimos no Money 20/20, uma coisa ficou clara: o futuro não pertence a quem inova primeiro, mas a quem constrói inovação do jeito certo.
Afinal, o próximo capítulo não é sobre velocidade. É sobre construir para durar.
Estamos otimistas com o que vem pela frente.
O ecossistema de fintechs, bancos e grandes empresas está evoluindo em direção a um modelo mais consciente, onde inteligência, confiança e transparência caminham juntas desde o início.
E nós temos orgulho de fazer parte dessa transformação.
De observar, aprender, contribuir e compartilhar o que descobrimos ao longo do caminho.
Se você também tem curiosidade sobre essas questões, acompanhe a gente. Continuaremos compartilhando o que aprendemos à medida que a tecnologia continua a redefinir o que é possível.